quinta-feira, 26 de abril de 2012

Redescobrindo Barra do Riacho Parte 4...


Tempos atrás quando ainda fazia parte do Curso de Secretariado Executivo na Facha Aracruz Es, o profº de Cultura Brasileira nos pediu um trabalho sobre nossas origens, a cultura do lugar onde morávamos, juntei-me a um grupo de alunas e também amigas de infância daqui de Barra do Riacho e escolhemos o tema "EPSG Caboclo Bernardo - você sabe quem foi Caboclo Bernardo?"

Pegamos uma câmera filmadora (aquela de fita), fotográfica (de filme) rs, cadernos, canetas e muita força de vontade e partimos para Regência. Lá fizemos entrevistas com moradores antigos conhecedores da história local e principalmente sobre nosso Herói em questão Caboclo Bernardo. Tivemos um mês para colher informações e transformar tudo num dos melhores trabalhos que já executei. Na época tivemos a honra de conhecer o Seu Miúdo que adorava e conhecia como poucos a história do herói Bernardo e cuidava de seu túmulo, com muito amor, dedicação e carinho. Pena que não tenho mais o material para mostrar aqui e compartilhar com vocês. Mesmo assim partindo desse tema tão interessante resolvi compartilhar com todos essa pesquisa realizada com apoio hoje bem mais prático, da querida amiga "internet " através também do amigo "google". Dedico essa postagem as minhas amigas e companheiras de faculdade, ao querido Sr. Miúdo (in memorian), ao povo de Regência, aos capixabas, a todos os barrenses, àqueles que conhecem, estudaram ou ainda estudam, lecionam e trabalham em nossa querida Escola "Caboclo Bernardo".  

http://www.google.com.br/imgres?hl=pt-BR&sa=X&biw=1366&bih=643&tbm=isch&prmd=imvns&tbnid=wIfKaWRvGL93PM:&imgrefurl=http://www.folhalitoral.com.br/site/%3Fp%3Dnoticias_ver%26id%3D2303&docid=kAlvnKKheZslrM&imgurl=http://www.folhalitoral.com.br/arquivos/noticias/Foto_Aracruz_Escola_Caboclo_Bernardo.jpg&w=600&h=366&ei=duCZT9_LNKba0QHY8YzDCg&zoom=1&iact=hc&vpx=379&vpy=165&dur=1654&hovh=175&hovw=288&tx=148&ty=95&sig=109483261364493785005&page=1&tbnh=118&tbnw=194&start=0&ndsp=20&ved=1t:429,r:1,s:0,i:68   http://obarrense.blogspot.com.br/2011/11/praticamente-concluida-1-estapa-da.html
Créditos de imagem: Jornal Folha do Litoral e Blog O Barrense do Júlio Cézar.

Herói Caboclo Bernardo
Regência é uma das raras localidades brasileiras que serviu como berço para o nascimento de um genuíno herói.
O Caboclo Bernardo, como chamamos carinhosamente Bernardo José dos Santos, índio nativo da vila, consagrou a nossa história com sua bravura e destemor.

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O navio Imperial Marinheiro, foi enviado para a região da Barra do Rio Doce, como se chamava a nossa atual Regência, com a importante missão de traçar a carta náutica da costa norte capixaba, devido ao grande fluxo de embarcações que necessitavam transitar no Rio Doce, e que acabavam naufragando ao se chocar com o pontal sul do rio, que esconde sorrateiro, recifes e bancos de areia a desafiar os navegantes.
Estavam a bordo do cruzador Imperial Marinheiro vários homens de patente da Marinha Brasileira, ex-combatentes da Guerra do Paraguai, preparados para missão designada, acabaram por serem vítimas do que viriam evitar aos outros.
Numa tempestade em setembro de 1887, encalha bem em frente a nossa vila, então Barra do Rio Doce, e é acoitado na bruma da noite por imensos vagalhões que deixavam os 148 tripulantes assustados, gritando por socorro tentando vencer o ensurdecedora ventania Sudoeste.
Eis que pela vontade de viver, 12 homens se lançaram num escaler que se arrebentou no mar furioso, conseguindo por muita sorte, chegarem até a praia.
O dia foi chegando e os 12 já estavam rodeados por muitos moradores da vila, vendo o cruzador em frangalhos, parte submersa, com o mar ainda mais furioso, e os acenos de mais de cem marinheiros a pedir socorro.
Não havia o que fazer para ajudá-los, mas surge no Bernardo, pescador simples e de vida pobre, desejo de salvar seus irmãos do destino que se alinhavava. Amarrou na cintura um cabo grosso, atirou-se nas ondas fortes, mas o mar não o queria, lançando-o de volta a praia.
Na 5ª tentativa, com linha de pesca nos dentes, vence as águas nervosas e puxa para o navio o cabo de espia, permitindo que os marujos pudessem chegar na praia com alguma facilidade. Mas para tristeza de Bernardo, 4 homens tiveram afogamento, enquanto 128 homens tiveram final feliz.
Honrarias na província capixaba e também no Clube Naval no Rio de Janeiro, onde recebeu da Princesa Isabel a Medalha Primeira Classe, de ouro puro, conforme decreto de 1885, por serviços relevantes.
No Paço de São Cristovão ele recebeu as honras de Marqueses, Condes e Duques, e do Ministro da Marinha Brasileira, Bernardo recebeu documento de Herói da Marinha Brasileira.
Pela bravura e por seu feito, a Princesa Isabel batizou a vila de nascimento do Herói Brasileiro, com o nome de Regência Augusta, sobrenomes da própria princesa, mas que revelam glória e poder.
Saiba mais sobre o naufrágio em http://www.naufragios.com.br/imperial.htm
Do dicionário da língua brasileira extraímos:
regências. f. 1. Ato ou efeito de reger(-se). 2. Cargo ou funções de regente. 3. Governo interino de um Estado, mormente monárquico, por impedimento do soberano. 4. Gram. Relação de subordinação ou de dependência entre os termos de uma oração ou entre as orações de um período. 5. Período da História do Brasil (7-4-1831 a 23-7-1840) durante o qual o governo da nação esteve entregue a regentes.
auge - de onde deriva augusto(a)
s. m. 1. O ponto mais elevado; culminância. 2. O grau mais alto; apogeu.


Fonte: Crônicas do Espírito Santo - 1984
Autor: Rubem Braga
Parece que não tinha nenhum sangue europeu; era apenas um índio, com seu nome cristão de Bernardo José dos Santos. Era alto, de espáduas largas, a cara grande. Vejo numa gravura da época sua basta cabeleira negra, e um bigode ralo que lhe cai pelo canto da boca, no feitio mongol. A cara é enérgica e suave, e as sobrancelhas finas se unem no centro, sob uma ruga vertical na testa; suas extremidades descem, numa curva em que se lê obstinação.
O caboclo Bernardo está com 28 de idade no dia 7 de setembro de 1887. É nascido ali mesmo onde vive, no povoado de Regência Augusta, antiga Barra do Rio Doce – e como seu pai, o velho Manduca, conhece o rio, o mar, e a mata. Foi naquele 7 de setembro, à uma e quarenta da madrugada, sob um raivoso sudoeste e grande escuridão, que o cruzador Imperial Marinheiro, um dos mais novos barcos da Marinha de Guerra Brasileira (deslocamento, 726 toneladas; boca, 8 m 27; calado 3 m 40; máquina 150 cavalos; marcha horária 11 milhas; armamento, 7 canhões de 34 e 4 metralhadoras, com 142 homens a bordo), chocou-se contra o pontal sul da barra do rio Doce, a 120 metros da costa. Foi arriado um escaler com 12 homens; o mar arrebentou o escaler, mas 12 homens chegaram às 2 da madrugada à cabana do patrão-mor da barra para pedir socorro. No escuro, e sem nenhuma embarcação diante do mar furioso, os homens ficaram na praia enquanto o mar esfrangalhava o cruzador. Quando veio a luz do dia os náufragos estavam reunidos nas partes mais altas, ainda não submersas, do barco, e os tubarões rondavam entre as ondas encapeladas.
O caboclo Bernardo jogou-se ao mar tentando levar até o cruzador um cabo de espia. Luta contra as ondas, mas é jogado na praia. Tenta ainda uma vez, e volta novamente, depois de uma luta terrível contra a força das águas. Sua mãe, uma cabocla velha, pede-lhe para não insistir, mas ele se lança ainda ao mar. Parece que da primeira vez teria levado o cabo, excessivamente pesado, amarrado à cintura; de outra o amarrara à sua rede, com tremalhos de cortiça, ou a uma linha de pescar, que puxaria pelos dentes. O fato é que luta em vão contra as águas açoitadas pelo vento; e regressa à praia exausto. Os náufragos olham tudo aquilo com angústia. O caboclo Bernardo se desvencilha dos braços dos que querem detê-lo e entra no mar pela quarta vez. Nada com desespero em direção ao navio, mas não avança; pouco depois é jogado à areia. Levanta-se – e volta. Só então, pela quinta vez, consegue chegar até o navio com o cabo salvador. Forma-se um cabo de vai e vem, e os marinheiros saltam de bordo agarrados a ele para chegar em terra. Muitos o conseguem. Outros, enfraquecidos pelas horas de tormenta, não resistem e morrem. O caboclo Bernardo joga então ao mar a única embarcação que resta, uma pequena chalana. Pede dois marinheiros para ajudá-lo, e ligando essa chalana ao cabo leva os náufragos para terra, de dois a dois. De vez em quando a chalana vira; o caboclo Bernardo, com seus dois companheiros, cai na água para desvirar a embarcação e segurar os náufragos. Trabalham assim durante horas, até que o mar despedaça de uma vez a chalana. Havia ainda 13 homens a bordo, que afinal se salvaram em uma jangada improvisada, agarrando-se ao cabo. Graças ao brutal heroísmo do caboclo Bernardo foram salvos 128 homens em um total de 142.
Estas notas eu as extraio do livro do Sr. Norbertino Bahiense O Caboclo Bernardo e o Naufrágio do Imperial Marinheiro, que acaba de ser publicado em Vitória; e o que não está no livro me contou o velho Meireles, numa destas manhãs de chuva e sudoeste, ali mesmo na Barra, onde tudo assistiu. Deixo para outra crônica o resto da história desse caboclo Bernardo, tão rude e tão bom. (Fevereiro, 1949)

REGÊNCIA FAZ PARTE DA HISTÓRIA DO DESCOBRIMENTO DO BRASIL

Em 1500 na época do descobrimento do Brasil, mais precisamente, 1 ano após a primeira expedição, os colonizadores Portugueses, ao navegar pela costa brasileira, avistaram a uma distância de 3km da praia, uma mancha marrom no mar, e perceberam que esta mancha era de água doce, eles decidiram seguir o percurso da mancha e chegaram a foz larga de um rio bem extenso e de difícil acesso, parecia um mar de água doce, então os Portugueses chamaram o rio de Rio Doce. O Rio Doce tinha características únicas, uma delas era a dificuldade de enfrentar a força das ondas na boca da barra e conseguir atingir o rio propriamente dito, a correnteza  também era muito forte. 
As matas do Rio Doce abrigavam os índios mais bravos e temidos do leste brasileiro, os canibais Botocudos. A fama dos índios Botocudos percorria todas as regiões brasileiras, eles dificultaram muito o acesso dos colonizadores portugueses, que tinham como objetivo explorar as riquezas e desenvolver a região; o Império Português chegou a oferecer,  terras e riquezas em troca da cabeça dos Canibais Botocudos, até que eles  foram exterminados. 
Em 1760 foi fundado em Regência o Guartel de Regência Augusta e em Povoação o Guartel Monsarás.


A HISTÓRIA DO CABOCLO BERNARDO

A figura histórica mais conhecida é Bernardo José dos Santos, o Caboclo Bernardo, nativo de Regência, filho de índios, conhecido na região por seus atos de coragem. No final do século XIX no ano de 1887, Bernardo salvou 147 vidas de um navio da Coroa Imperial Portuguesa o “Imperial Marinheiro” naufragado na Foz do Rio Doce. Este navio levava em sua tripulação soldados e heróis de guerra.  Ao encalhar na foz do rio, conta a história, que era uma madrugada de tempestade e mar revolto e da Vila de Regência dava para se ouvir os gritos de socorro e desespero da tripulação; então ao clarear o dia, com a praia cheia de espectadores e pessoas aflitas sem poder fazer nada, nesse momento que surge o herói  Caboclo Bernardo, que com um ato de bravura sem pensar na própria vida, pegou uma corda e amarrou em local seguro com apoio de mais dois amigos, e com a outra ponta da corda na boca tentou romper o mar enfrentando  as ondas gigantes, depois de algumas tentativas em vão, ele continuou persistindo até conseguir chegar ao navio, e foi retirando um a um dos sobreviventes.
Depois do ato de heroísmo Bernardo José dos Santos, foi até o Rio de Janeiro onde foi homenageado pela Princesa Izabel com festas e banquetes, e http://construtordesites-windows.locaweb.com.br/Wizard/EditPage/Site.ashx?s=f08ee0f3-0897-4a9a-9fc8-d99ecea0f7e2&t=av-140&p=MyImages%2f13+boca+do+rio+015.jpgcondecorado como herói com uma medalha de ouro de Honra ao Mérito. A Princesa Izabel lhe ofereceu trabalho e terras, mais com mais um ato de bravura, Caboclo Bernardo só fez um pedido a Princesa, que construísse um farol na Vila de Regência, para que outros navios não encalhassem e outras vidas não se perdessem, tendo em vista que Regência está localizada a 60km pra dentro do mar em relação as outras praias, a Princesa Izabel acho nobre o seu pedido e deu o farol para Regência; sua cúpula existe até hoje e fica exposta na frente do Museu Histórico de Regência.
Aos  55 anos de idade Caboclo Bernardo foi morto com um tiro de garrucha, disparado por um bêbado, por pura inveja.






O GUARDIÃO DO TÚMULO DO CABOCLO BERNARDO

É impossível contar a história do Caboclo Bernardo sem contar a história do Sr. Elpídio Angelo de Macedo, mais conhecido como Seu Miúdo ( poeta e músico, falecido em 16/12/08, aos 85 anos), Seu Miúdo, um homem de muita sabedoria e conhecimento,  nascido em Colatina, veio para Regência, porque ouvia muito falar do Herói Caboclo Bernardo, ao chegar na Vila Seu Miúdo se entristeceu quando deparou com o túmulo abandonado e sem nenhuma identificação, ” é um absurdo tanto abando com um herói tão importante pra nossa história” , dizia Seu Miúdo. Então depois de muita luta ele conseguiu um túmulo digno de um herói e se tornou o Guardião do Túmulo do Caboclo Bernardo, foi homenageado e condecorado como Cidadão Linharensse. 
 Hoje a Vila de Regência comemora a Festa do Caboclo Bernardo, que acontece todos os anos no começo do mês de junho, é uma festa tradicional cheia de cultura e beleza, Bernardo José dos Santos é reconhecido como Herói da Marinha Brasileira. 



Por: Aline Goulart


  • Elpidio Ângelo de Macedo - Miúdo 





Nascido em Colatina-ES no dia 2 de setembro de 1923, recebeu de sua mãe o apelido de Miúdo, em função de seu parto pré-maturo de 7 meses.
Veio para Regência em 1930, quando seu pai foi contratado para trabalhar na serralheria da vila, que foi incendiada 7 anos mais tarde, em julho de 1936, e nunca mais voltou a funcionar.
Sempre conversador, de alma nobre, afirma que não gostava de Regência em sua infância, e só passou a desejar viver em na vila quando o cupido flechou seu coração, caindo nas graças de Valdivina Galdina, uma nativa, filha de índios Botocudos, que habitavam da foz do Rio Doce até a divisa com Colatina.
Com 52 anos de casado, pai de 3 filhas, conhecedor profundo da história da vila, defensor da memória do herói regenciano Caboclo Bernardo, para o qual compôs um hino, cantado em escolas de Linhares, sendo o dia 3 de junho, aniversário da morte do herói, escolhido para comemoração do grande feito que eternizou sua bravura.
Conquistou melhorias para a vila, como o muro do cemitério, a praça, a festa do Caboclo Bernardo, cuidou do túmulo do herói.
Segundo ele, em 1917 nasceu a Casa do Congo, e em 1919, o Clube Carnavalesco Valete de Ouro, criado por Manoel Cearence.

fonte: cativaimagem.com.br


Obrigada a todos pela leitura, espero que tenham gostado. Até a próxima história de Barra do Riacho.

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