quarta-feira, 23 de outubro de 2013

5 portos do Estado vão atender Campo de Libra

22/10/2013 - 23h33 - Atualizado em 22/10/2013 - 23h49
Terminais vão atuar para fornecedores e empresas da cadeia
RITA BRIDI | rbridi@redegazeta.com.br



Os cinco empreendimentos programados para o litoral do Espírito Santo, voltados para o atendimento à demanda da cadeia de petróleo e gás, podem colocar o Espírito Santo como a principal alternativa de apoio aos novos campos que serão explorados. Com o leilão do campo de Libra, as oportunidades para o Estado se ampliam ainda mais.
“Vamos ser a bola da vez”, avalia o secretário estadual de Desenvolvimento, Nery De Rossi. As chances virão para os terminais portuários, cujos projetos são voltados para a cadeia de petróleo e gás, para as empresas que produzem tubos flexíveis e os demais fornecedores do setor.
Arte | Gilson

Haverá ampliação de oportunidades também para a mão de obra especializada, destaca a coordenadora do curso de Tecnólogo em Petróleo da Universidade Vila Velha (UVV), Maria Araguacy. “Libra é um campo grande que vai precisar de muitos trabalhadores capacitados”, enfatiza.

Para quem está pensando em algum curso voltado para as principais demandas do mercado, essa é uma área que vai abrir muitas vagas nos próximos cinco a sete anos, explica.
A capacitação é fundamental porque, certamente, profissionais de outros países vão querer trabalhar no Brasil.

As reservas da Petrobras são estimadas em 12 bilhões de barris de petróleo. A produção diária da estatal é de 2 bilhões de barris. Quando o campo de Libra entrar em operação – entre 2018 e 2020 – a produção deverá ser da ordem de 1,4 bilhão de barris por dia. Ou seja, seria como que dobrar o que temos hoje na área de petróleo e gás.

Para se ter uma ideia do tamanho do campo do pré-sal que foi leiloado na última segunda-feira, basta dizer que está previsto o uso de 18 plataformas. Haverá, ainda, demandas por sondas de perfuração, de linhas (tubos flexíveis), de barcos supply, de navios-sonda, entre outros.

“Vejo que pode ser feita uma rearrumação, por exemplo dos terminais portuários que atendem aos campos atuais e os que virão”, explica o secretário. Ele cita que portos mais próximos ao campo de Libra poderão atender às embarcações, e os que estiverem mais distantes poderão passar a atender outros campos em produção.

As oportunidades virão para o Estaleiro Jurong Aracruz (EJA), que está em construção em Barra do Sahy, no litoral de Aracruz, e também para o Terminal Industrial Imetame, que será implantado ao lado do EJA, em Barra do Sahy. O Petrocity, que será construído em Urussuquara, no litoral de São Mateus, também poderá aproveitar as oportunidades que virão com o campo de Libra.

No Litoral Sul do Estado, em Itapemirim, outros dois terminais voltados para atender a cadeia de petróleo e gás podem atender à demanda do novo campo do pré-sal: o C-Port Brasil (Grupo Edison Chouest) e o Itapemirim Itaoca Offshore,

A Technip e a Prysmiam, que produzem tubos flexíveis e cabos ópticos, são indústrias que terão oportunidade de ampliar a produção de suas linhas. Outras empresas da área de metalmecânica fornecedoras da cadeia petrolífera também têm chances de ampliar sua atuação.

Vazamento de óleo no mar será monitorado

Os ministérios de Minas e Energia (MME) e do Meio Ambiente anunciaram ontem que lançarão o Plano Nacional de Contingência (PNC) contra vazamentos de petróleo em alto-mar, previsto em lei desde o ano 2000. A presidente Dilma Rousseff assino ontem um decreto para instituir o plano.

O MME terá que instalar, por exemplo, um sistema de monitoramento em tempo real de acidentes com petróleo no mar, o Sisnóleo. O decreto também vai deixar mais claras as penalizações em vazamentos de menor porte, mas que exijam a implantação de planos de ação por área.

“É um plano a ser adotado em acidentes de maiores proporções onde a ação individualizada dos agentes não se mostrar suficiente para a solução do problema”, disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

O plano será adotado em caso de acidentes como o de Macondo, no golfo do México em 2011. Mas os critérios específicos para a aplicação ou não do PNC dependerá de um conjunto de indicadores, como quantidade de óleo que vaza, impactos ambientais da mancha ou se a região é sensível ou não em termos de biodiversidade.

“Não é algo objetivo, mas são conjuntos de valores. Não dá para avaliar se é de significância nacional só por um elemento”, disse Marco Antônio Martins Almeida, secretário de Petróleo e Gás do MME e coordenador da proposta do PNC.

Segundo Lobão, o coordenador do PNC será o ministério de Meio Ambiente e suas ações operacionais serão definidas em um comitê que envolve Marinha, Ibama e Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Dependendo de cada tipo de vazamento, se no mar, em rios ou em dutos, cada um desses organismos será responsável pela coordenação dos esforços. “A coordenação já estará pré-identificada dentro do governo, para evitar bate-cabeça”. disse a ministra de Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

Coordenação

Segundo Izabella, um ganho do PNC em relação ao que se previa na lei 9.922/2000, foi a instalação de uma ação coordenada de governo, envolvendo entidades públicas e privadas com objetivo de ampliar a capacidade nacional de resposta.

“Existem lacunas nos planos de área que estão sendo cobertas integralmente pelo Decreto, por exemplo, havia falta de penalidades em sua não implementação”, disse Marco Antônio.

Os ministros informaram que o PNC será composto a partir de recursos do Orçamento, mas não indicaram se haverá saldo ainda neste ano ou quanto será a demanda para os próximos.

O leilão da área de Libra, o primeiro do pré-sal sob o regime de partilha e maior área já licitada no país, com reservas estimadas entre oito e 12 bilhões de barris de petróleo, aconteceu ontem sem que o governo tivesse um plano de contingência aprovado para minimizar o impacto de um possível desastre ecológico em caso de vazamento de petróleo no mar.

Em abril de 2012, o MME apresentou na Câmara dos Deputados um desenho completo de como funcionaria o PNC.

A audiência pública ocorreu após os acidentes no campo do Frade, na Bacia de Campos, explorado pela Chevron, em novembro de 2011 e março de 2012, e o megavazamento no campo de Macondo, no Golfo do México, explorado pela BP, em 2010. (Agência o Globo)

Dilma volta a comemorar resultado

Diante da exploração política do leilão do campo de Libra pela oposição e por seus potenciais concorrentes na eleição de 2014, a presidente Dilma Rousseff voltou ontem a defender a operação. Ela se disse “bastante satisfeita” com o resultado.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também saiu em defesa do leilão. Em Lisboa, Lula disse que as críticas têm motivação eleitoreira. “Pelo fato de estarmos entrando já num ano eleitoral, tem pessoas que têm vergonha de reconhecer os méritos do leilão de Libra, que foi extraordinário”, afirmou.

Tal como fizera na véspera, Dilma frisou que o leilão não representou a privatização do campo petrolífero. “Com o modelo de partilha, a União, os Estados e os municípios ficam com 85% das receitas se você considerar também a Petrobras”, disse, durante a cerimônia de sanção da lei do programa Mais Médicos. E emendou: “É bom explicar que nesses 85%, 75% são da União e 10%, da Petrobras. Aqueles que falam em privatização no mínimo desconhecem essas contas.”

A presidente elogiou a composição do consórcio vencedor. “A Petrobras é, sem sombra de dúvida, junto com a Shell, a grande empresa do mundo com especialização em águas profundas”. Condenou, ainda o “preconceito” em relação às sócias da China. “As empresas chinesas são das maiores do mundo, têm parcerias sólidas com a Shell em outros países, é um consórcio de grandes empresas, que tem a capacidade de explorar os recursos necessários (no pré-sal), não só financeiros, mas tecnológicos”, afirmou Dilma.

Ao ser questionada se não considerava ruim apenas um grupo ter se candidatado à concorrência, a presidente respondeu que “há uma certa incompreensão sobre o tamanho dessa reserva”. (AE)

Outros leilões do pré-sal vão ter mais campos

Os próximos leilões da região do pré-sal devem ofertar mais campos aos investidores, de acordo com o diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Helder Queiroz.

O executivo afirmou que a agência não trabalha com outra área da dimensão de Libra, que tem estimativas de reserva entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris. Também defendeu a participação da Petrobras. “Libra é único em muitos aspectos. O risco é mais baixo e com um volume grande. A participação da Petrobras não foi um problema, prova é que ela ofereceu 10% a mais”.

Segundo ele, um projeto da dimensão de Libra “comportava um termo mais restrito para o apoio à Petrobras, no universo de empresas que eventualmente poderiam trabalhar no offshore”.

Pesquisas

Queiroz afirmou que a empresa vai continuar pesquisando na região em busca de novas oportunidades, mas descartou uma reserva da mesma dimensão. “No estágio que temos hoje de conhecimento geológico da área, não vislumbramos nenhuma outra Libra. Mas a tendência nos próximos leilões é ter um numero maior de áreas com menor porte e risco variável”, afirmou.
Fonte: A Gazeta

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