domingo, 17 de março de 2013

A caçada de Eike para viabilizar seu porto


Investida do bilionário em projetos do Estado pode não parar

Estado cotrata 308 temporários. Inscrições podem ser feitas a partir do dia 26 deste mês

Rita Bridi
rbridi@redegazeta.com.br

O bilionário Eike Batista, encontra dificuldade na atração de investimentos em volume suficiente para consolidar o seu projeto do porto do Açu, em São João da Barra, no Norte fluminense. As tentativas de levar duas siderúrgicas e montadora de veículos para ancorar o empreendimento não deram certo e ele continua na busca de parceiros para garantir o retorno do investimento.

Uma dessas tentativas ocorreu na última semana e quase prejudicou o Espírito Santo. Com a ajuda do rolo compressor do governo federal, representantes da EBX, empresa de Eike Batista, pressionaram o grupo Jurong a transferir o estaleiro do Espírito Santo para o Porto do Açu. O estaleiro Jurong Aracruz (EJA) está sendo construído em Barra do Sahy, em Aracruz, Litoral Norte do Estado, e a previsão é que seja inaugurado em agosto de 2016.

O projeto do grupo EBX, um modelo de condomínio industrial logístico, foi lançado no final de 2006 e a construção teve início um ano depois. O porto do Açu tem retroárea de 90 km2 – o tamanho de Vitória –, dez berços de atracação e capacidade para a movimentação de 300 milhões de toneladas de cargas por ano. O investimento previsto inicialmente era de US$ 40 bilhões e geração de 50 mil empregos diretos.

Passados sete anos do lançamento do projeto e sem ter conseguido fechar os contratos com as empresas âncoras, ou seja com poucos clientes, o porto já apresentou mudanças no seu perfil. Controlado pela LLX, subsidiária do grupo EBX, o Porto do Açu tem se voltado mais para a indústria do petróleo.

A mudança do perfil do projeto, aliada à dificuldade na atração de empresas âncoras, justificaria a investida do empresário sobre o grupo Jurong, que reafirmou sua permanência no Espírito Santo. Na solenidade do lançamento da pedra fundamental, em dezembro de 2011, Jurong recebeu da Sete Brasil a encomenda para a construção, no Brasil, da primeira sonda de perfuração.

No ano passado, o EJA recebeu, também da Sete Brasil, a encomenda para a construção de mais seis navios-sonda que serão utilizados pela Petrobras na perfuração de poços de petróleo em águas ultraprofundas. O valor dos contratos para a construção dos navios-sonda é próximo de R$ 12 bilhões. O estaleiro, portanto, preencheria o espaço que Batista destinou às empresas âncoras de seu porto e reforçaria o novo perfil do empreendimento,

Há informações de que o estaleiro OSX iniciará as operações até o final deste ano, mas o projeto não tem a dimensão de um estaleiro como o da Jurong. O grupo de Singapura, que possui vários estaleiros, está entre os principais do mundo. E empresa de grande porte, com potencial para investir pesado e com tecnologia de ponta, é o que Batista quer para seu porto.

O terminal para escoar minério (projeto Minas-Rio) que seria construído pela Anglo American foi adiado. A Wuhan Iron and Steel corporation (Wisco), que é a quarta maior produtora de aço da China, e investiria US$ 5 bilhões na planta siderúrgica, desistiu do projeto. A outra siderúrgica, a Ternium, que teve problemas com o processo de licenciamento, ainda não iniciou as obras. A Nissan Motor, saiu do empreendimento. A montadora vai investir US 1,4 bilhão no Rio de Janeiro, mas fora do Porto do Açu. 

http://3.bp.blogspot.com/_W2V_Qxwfrwg/TFz2k8ctriI/AAAAAAAAKZY/LlgaF4QGkz0/s1600/A%C3%A7u-+Corredor+de+Log%C3%ADstica-2.jpg


A Subsea7, a Tecnhip (que tem uma fábrica de tubos flexíveis no Porto de Vitória), a Intermoor, integrante do Grupo Acteon e a National Oilwell Varco (NOV), a finlandesa Wärtsilä que atuam no segmento petrolífero e de energia estão em processo de instalação no Porto do Açu.

Investidas

As tentativas do empresário Eike Batista de levar empresas do Estado ou de outras regiões do país para seu porto devem continuar. O presidente em exercício da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Manoel Pimenta, avalia que o assédio prosseguirá. Para evitar perder investimento, o Espírito Santo precisa estar vigilante sempre. 

http://www.robertomoraes.com.br/2010/08/corredor-logistico-de-45-km-do-acu-ate.html


O senador Ricardo Ferraço, presidente da Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), que acompanhou todo o processo de tentativa de transferência do estaleiro do Espírito Santo para o Rio de Janeiro, avisa: “O Estado precisa estar atento para agir, reagir e atacar. Não podemos dormir no ponto”. 

http://www.robertomoraes.com.br/2010/08/planta-de-localizacao-dos.html


Ferraço pediu ao ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, que apure o envolvimento do embaixador do Brasil em Singapura, Luís Fernando Serra, no episódio. O senador disse que poderá até convocar o embaixador a prestar esclarecimentos. Segundo ele, o empreendedor pode se instalar onde quiser, o que não pode haver algum tipo de pressão por parte do governo.

Fonte: Gazeta Online
Imagens: http://www.robertomoraes.com.br

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