sábado, 2 de março de 2013

Vila Do Riacho - Aracruz - ES

Menos de uma década depois, Quartel de Riacho já mostrava um franco crescimento, pois sua guarnição tinha sido reforçada em função da carta régia de declaração de guerra aos botocudos O documento saiu em 1808, logo que a família do príncipe regente de Portugal, Dom João VI, veio para o Brasil, fugindo da perseguição do imperador da França, Napoleão Bonaparte.

Quartel de Riacho foi visitado pelo príncipe alemão Neuwied em 1815 e pelo botânico francês Auguste de Saint-Hilaire em 1818, que atestaram que ainda era forte a presença militar. Mas, por volta de 1828, o local já era conhecido nas redondezas como Campos do Riacho.
As terras férteis de Campos do Riacho atraíram muitos fazendeiros e a migração aumentou mais ainda quando a região passou a pertencer ao município de Santa Cruz (Aracruz a partir de 1943), criado em 3/4/1848. Italianos recém-chegados de seu país começaram a aparecer por volta de 1874.
 Progresso
Em 1858, foi criada a primeira escola, pela Lei Provincial (equivalente às leis estaduais de hoje) nº 321. Em 1864, outra Lei Provincial, de nº 25, criou a freguesia de São Benedito do Riacho. A igreja, ainda existente, seria construída pouco depois.
Um levantamento feito em 1876 mostrou que Campos de Riacho já registrava 1.003 moradores, 6,5 % dos quais eram negros escravos. Também mostrou 179 alunos freqüentando a escola e um índice de alfabetização (11,7% da população) quase duas vezes maior que o da sede do município, Santa Cruz (6,4%).
A comparação entre os dois povoados é levada ainda mais adiante pelo historiador barrense José Maria Coutinho: “O crescimento de Campos do Riacho nos 76 anos após sua fundação era maior do que o de Santa Cruz experimentara nos três primeiros séculos de sua existência. A maioria dos trabalhadores de Riacho estava na agricultura do açúcar, milho, feijão, mandioca, etc., enquanto que o número de criadores de gado quase suplantava o de Santa Cruz. Os engenhos fabricavam açúcar, aguardente, rapadura e mel. O comércio dos mais diversos gêneros era ativo. Havia cerca de 508 casas em Santa Cruz e 136 em Riacho.”
Em 25/1/1891, foi criado o Município de Riacho, com sede em Campos do Riacho, abrangendo os territórios dos Distritos de Riacho e Ribeirão da Linha (hoje Distritos de Guaraná e Jacupemba). Mas o município só durou até 16/5/1931, quando foi reintegrado ao de Santa Cruz.
Dentro do que se pôde apurar, consta que o último prefeito do município foi Philareto Carlos Loureiro e que seu antecessor, de 14/4/26 a 2/5/30, foi Dalmácio Coutinho. As duas últimas Câmaras Municipais foram:

1924-1927
Antônio de Mattos Pimentel
Antônio Nunes Gonçalves
Ernesto Rosário do Nascimento
Herculano dos Santos Leal
Joaquim Ribeiro Pinto Machado

1928-1931
Belmiro Manoel de Carvalho
Ernesto Rosário do Nascimento
Herculano dos Santos Leal
Joaquim Ribeiro Pinto Machado
Philareto Carlos Loureiro

Decadência

Pelo menos três fatores foram decisivos para o enfraquecimento de Vila do Riacho (atual nome de Campos do Riacho): o crescimento do povoado que ficaria conhecido como Barra do Riacho, cerca de 11 quilômetros ao sul, na foz do Rio Riacho; o desenvolvimento da atividade agropecuária no noroeste do município, destacando-se Guaraná e Jacupemba; a transferência da sede municipal de Santa Cruz para o povoado de Sauaçu, regulamentada em 1948 e concretizada em 1950 (o município mudou de nome para Aracruz em, 1943).
Pela década de 50, segundo José Maria Coutinho, a orla litorânea – não só Vila do Riacho, como se vê – pouco a pouco foi abandonada pelos administradores municipais, entrando assim em decadência, enquanto o interior progredia.
“O progresso das Vilas de Aracruz, Guaraná e Jacupemba tornou-as mais importantes que as do Riacho, Barra do Riacho e Santa Cruz, ultrapassando sua arrecadação e produção econômica, com o café, o gado e o leite, principalmente. E uma estrada (a BR 101) as colocava no meio do caminho entre o sul e o norte do país”, detalha Coutinho, para completar: “Só com a chegada da Aracruz Celulose (a construção da fábrica foi iniciada em 1976) o litoral voltou a conhecer certas melhorias infra-estruturais e desenvolvimento social”.
Mesmo coma queda do prestígio de Vila do Riacho, um filho local, Pedro de Araújo Leal, foi prefeito de Aracruz de 1955 a 1958 e de 1963 a 1966, embora não exercendo todo este segundo mandato. De lá também saíram os vereadores Édson Chagas Filho (1993-1996) e Marlene Souza do Nascimento (1993-1996 e 1997-2000).

Fonte: Faça-se Aracruz! (Subsídios para estudos sobre o município) 1997Organizador: Maurilen de Paulo CruzCompilação: Walter de Aguiar Filho, novembro/2011

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