Postado em: 22 out 2012 às 22:08
“Nós não vamos sair daqui! Vamos morrer todos juntos! Para a beira da estrada não vamos voltar mais, por isso vamos morrer todos junto, aqui, mesmo!”, dizem os índios Guarani-Kaiowá
Índios guarani-kaiowá da aldeia Passo Piraju, próxima a Dourados
(MS),estão decididos a se matar caso seja cumprida a ordem de despejo
que receberam em 8 de outubro. A Comissão de Direitos Humanos e Minorias
(CDHM) da Câmara dos Deputados entrou em contato sexta-feira (19) com o
governo federal para alertar que há risco de o suicídio coletivo
ocorrer.
“Não se pode descartar o suicídio coletivo. Há dados sobre vários
casos de suicídios nos últimos dez anos de guarani-kaiowá”, informou o
segundo vice-presidente da CDHM, deputado Padre Ton (PT-RO).
O parlamentar acrescentou que homens, mulheres, jovens, adolescentes e
até crianças, por diversas vezes, têm se lançado na frente de carros e
caminhões que passam por estradas próximas aonde moravam. “Foram
atitudes tristes e desesperadas tomadas de forma individual por vários
índios que consideraram, por algum motivo, não ter mais como levar
adiante suas vidas nas terras onde seus ancestrais viveram”, disse Tom.
Após a decisão do tribunal regional federal da 3ª região, em São
Paulo, porém, cresceu o risco de que aconteça a morte coletiva. Os
guarani-kaiowá souberam que haviam perdido um processo movido por
fazendeiros e marcaram uma reunião para decidir o que fazer.
No última terça-feira, a comunidade Passo Piraju informou que: “nós
não vamos sair daqui! Vamos morrer todos juntos! Para a beira da estrada
não vamos voltar mais, por isso vamos morrer todos junto, aqui,
mesmo!”. A decisão foi encaminhada à CDHM pelo Conselho da Aty Guasu
Guarani Kaiowá. Esse é um grupo da sociedade civil organizada que é
reconhecido pelo Executivo na interlocução com os índios.
O padre Ton e a 1ª vice-presidenta da comissão em exercício, deputada
Erika Kokay (PT-DF), enviaram uma carta ao Ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, e à presidenta da Fundação Nacional do Índio (Funai),
Marta Azevedo, a fim de que sejam tomadas providências para evitar o
pior.
A comissão quer que se reveja o processo com rapidez e que se levem
em conta os registros históricos a respeito da área ocupada pelos
índios, o que provaria serem eles os legítimos donos daquelas terras. De
acordo com os representantes da CDHM, durante décadas os índios
perderam muitas de suas propriedades, repassadas ilegalmente por
governos anteriores do Mato Grosso do Sul a terceiros.
Atualmente, os guaranis-kaiowás reclamam menos do que seria a
totalidade de suas terras ancestrais. E eles enfrentam processos morosos
e com advogados que não contam com a mesma estrutura à disposição dos
representantes dos grupos contrários aos seus interesses.
Fonte: A matéria foi publicada no site http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/10/suicidio-coletivo-indios-guarani-kaiowa.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+PragmatismoPolitico+%28Pragmatismo+Pol%C3%ADtico%29
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