Mikaella Campos
mikaella.campos@redegazeta.com.br
O auxílio mensal do governo é o que mantém o sustento na casa de Ana Lúcia Martins, de 45 anos. Doente e desempregada, ela cuida de uma filha adolescente e de dois netos com o pouco que ganha do Bolsa-Família.
A história dessa mulher é semelhante a de outras 44 mil famílias do Estado, em situação de extrema miséria, ganhando entre R$ 32 a R$ 306 por mês. Eles tê mais uma coisa em comum: criaram uma espécie de dependência ao benefício e não conseguem imaginar a vida sem ele. Por isso, acabam não correndo atrás de uma vida melhor.
Esse ciclo vicioso que causou uma espécie de distorção no programa Bolsa-Família está com os dias contados. O governo federal, em parceria com o Sebrae e os Estados, vai iniciar uma caçada a famílias como a de Ana Lúcia, no intuito de que elas saiam da pobreza sendo seus próprios patrões.
A ideia é criar uma espécie de porta de saída que hoje o Bolsa-Família não tem. Eles vão identificar quem tem o benefício, mas já atua de alguma forma no mercado, na informalidade, vendendo picolé, fazendo salgadinho pra fora, ou costurando, por exemplo. A ideia é levar esse grupo para uma vida melhor, por meio do programa Empreendedor Individual (EI).
O auxílio mensal do governo é o que mantém o sustento na casa de Ana Lúcia Martins, de 45 anos. Doente e desempregada, ela cuida de uma filha adolescente e de dois netos com o pouco que ganha do Bolsa-Família.
A história dessa mulher é semelhante a de outras 44 mil famílias do Estado, em situação de extrema miséria, ganhando entre R$ 32 a R$ 306 por mês. Eles tê mais uma coisa em comum: criaram uma espécie de dependência ao benefício e não conseguem imaginar a vida sem ele. Por isso, acabam não correndo atrás de uma vida melhor.
Esse ciclo vicioso que causou uma espécie de distorção no programa Bolsa-Família está com os dias contados. O governo federal, em parceria com o Sebrae e os Estados, vai iniciar uma caçada a famílias como a de Ana Lúcia, no intuito de que elas saiam da pobreza sendo seus próprios patrões.
A ideia é criar uma espécie de porta de saída que hoje o Bolsa-Família não tem. Eles vão identificar quem tem o benefício, mas já atua de alguma forma no mercado, na informalidade, vendendo picolé, fazendo salgadinho pra fora, ou costurando, por exemplo. A ideia é levar esse grupo para uma vida melhor, por meio do programa Empreendedor Individual (EI).
Melhor opção
Não vai ser fácil. Hoje, muitos trabalhadores atuam em serviços precários, com receio de não serem mais assistidos. Há casos de beneficiários, que devido à baixa qualificação, não conseguem se manter estáveis. Entre estar empregado, ficar sem o Bolsa-Família e ser despedido mais tarde, esse cidadão prefere optar pela dependência do governo.
Na tentativa de mostrar às famílias que elas não precisam ficar apreensivas, o Sebrae vai distribuir cartilhas e enviar agentes a campo para recrutar potenciais empreendedores. "Nossa intenção não é tirar o benefício e sim levar orientação e consultoria gratuita", diz a analista do Sebrae, Germana Cola.
Porta de saída
No Espírito Santo, o governo do Estado vai estabelecer prazo para a emancipação dos beneficiários do Bolsa-Família, que hoje somam 44 mil. Os segurados começam a ser inscritos no Programa Incluir que fornece o Bolsa-Capixaba, um auxílio complementar de R$ 50 por mês.
Além do dinheiro, essas pessoas receberão acompanhamento social, psicológico e vão ser encaminhados para uma capacitação.
O secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Rodrigo Coelho, explica que a família cadastrada no Incluir vai assinar um contrato, que prevê uma porta de saída dos programas sociais em dois anos.
Ana Lúcia é uma das atendidas pelo Bolsa-Capixaba. Hoje, ela se dedica apenas ao trabalho doméstico e aos cuidados da sua filha Ana Ingrid, de 14 anos, e os netos Weverton, de dois anos, e Leonardo, de 11 meses.
Há três anos, a dona de casa atuava como vendedora autônoma, mas deixou sua renda de lado para lutar contra um câncer no cólon do útero.
A situação financeira fica um pouco melhor quando o marido dela, Manoel Vieira Martins, consegue alguns bicos como pedreiro. Mas a maior parte do orçamento é composto pelos Bolsas Família e o Capixaba.
"Eu quero muito voltar a trabalhar, mas não posso perder o Bolsa-Família, pois o dinheiro faz diferença e me ajuda a comprar remédios, alimentos e material escolar. Vou esperar o governo me explicar como posso me tornar empreendedora. Espero ficar boa de saúde", diz.
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O exemplo
Algumas pessoas se formalizaram por conta própria como a costureira Solange Silva Oliveira. Ela deixou o emprego para cuidar de duas filhas pequenas. Quando o marido ficou desempregado, uma forma de manter a casa foi costurar para fora.
Como a procura pelo serviço dela foi aumentando e como alguns clientes passaram a exigir nota fiscal, Solange se inscreveu no EI. "Fiquei com medo de deixar de receber o Bolsa-Família, pois ainda preciso desse dinheiro. Como minha produção é pequena, não consigo ainda sobreviver sem o auxílio do governo. Mas eu sonho agora em fazer minha empresa crescer, porque sei que um dia o Bolsa-Família vai acabar", diz.
Algumas pessoas se formalizaram por conta própria como a costureira Solange Silva Oliveira. Ela deixou o emprego para cuidar de duas filhas pequenas. Quando o marido ficou desempregado, uma forma de manter a casa foi costurar para fora.
Como a procura pelo serviço dela foi aumentando e como alguns clientes passaram a exigir nota fiscal, Solange se inscreveu no EI. "Fiquei com medo de deixar de receber o Bolsa-Família, pois ainda preciso desse dinheiro. Como minha produção é pequena, não consigo ainda sobreviver sem o auxílio do governo. Mas eu sonho agora em fazer minha empresa crescer, porque sei que um dia o Bolsa-Família vai acabar", diz.
O Espírito Santo tem mais de 144 mil pessoas em situação de pobreza extrema. O governo do Estado vai tentar mudar essa realidade com alguns outros projetos do Programa Incluir.
Até 2014, o governo do Estado quer chegar a 100 mil pessoas inscritas no Empreendedor Individual com a integração dos beneficiários do Bolsa-Família ao programa. Hoje, dos quase 60 mil cadastrados apenas 8% ganha o auxílio.
A Agência de Desenvolvimento em Redes (Aderes) vai mapear os locais onde há mais necessidade de atuação. A intenção é integrar essas famílias ao sistema de cooperativismo, a associações de artesanato e também à economia solidária por meio dos bancos comunitários Terra, Sol e Bem.
Segundo o presidente da Aderes, Pedro Rigo, ao todo, a ação vai levar capacitação e microcrédito com juros barato para quase 137 mil pessoas das áreas urbanas e da zona rural.
análise
Pelo fim do trabalho degradante
É um grande desafio aperfeiçoar os mecanismos de inclusão. Todas as informações que temos trabalho sobre as pessoas em situação de pobreza mostram que a maioria está incluída de forma precária. São trabalhos que não permitem a ascensão social. Essas pessoas vivem de trabalho irregulares, tem renda num dia, mas no outro não, portanto precisam do apoio e do estímulo dos benefícios para sobrevivência e para ter uma condição mais digna de trabalho. Nossa preocupação é inserir essas pessoas numa produção de qualidade e afastá-las de trabalhos degradantes. Com o recurso do Bolsa-Família, elas podem dizer não à exploração. As ações federais e estaduais estão muito alinhadas. Somando esforços, temos condições de impactar.
Tiago Falcão, Secretário Extraordinário para Superação da Extrema Pobreza do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome
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